sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Lembranças

(Afonso Dantas)

Alguém já perguntou o que te surpreende? O que te faz feliz? Aposto que sim. Assim como aposto que você, junto com a maioria das pessoas, diz que é o trabalho, a família, o carro novo e outras coisas, muitas das quais, materiais, correto?
Mas, nem sempre essa resposta é sincera, nem sempre ela traduz realmente o que você sente, o que você pensa, pois a resposta pode estar escondida lá, dentro do seu subconsciente, ou melhor, escondida lá no fundo do seu coração.
É bastante natural, que nós de vez em quando, nos flagremos meio nostálgicos, como que em busca de uma felicidade perdida, sem nem nos darmos conta de que essa felicidade – não que não sejamos felizes agora, pois muito de nós, somos muito felizes – é aquela felicidade inocente, de criança, sem tantas preocupações e com aqueles olhos inocentes que viam verdade e beleza em tudo, e pensamos em como éramos felizes naquela época, sem tanta pressão ou responsabilidade.
Seria interessante se todos nós pudéssemos descobrir essas lembranças boas que mais marcaram as pessoas, as lembranças que as deixavam felizes em determinadas épocas da vida, e que, acionadas, trariam esse jorro de felicidade de volta, iluminando-as. Seria muito bom pegar isso, e de alguma forma colocar em kits, em pacotinhos, que seriam os fantásticos pacotinhos de felicidade.
Esses pacotinhos, não precisariam naturalmente ser embalados, e nunca deveriam ser vendidos, mas simplesmente ofertados para deleite dos felizardos ganhadores. Pois acredito que a felicidade não se compre e muito menos, se venda.
No filme Ratatouille, da Disney, que revi recentemente com minha filha Maria no colo, um rígido e destruidor de reputações crítico de culinária ao provar uma comida simples, que batiza o filme, se transporta emocionalmente a uma situação feliz de infância, lembrando do carinho de sua mãe e isso, o transforma para sempre, inclusive mudando as suas convicções ao descobrir quem lhe fez esse bem.
Essas lembranças não têm preço, carinho de mãe, de pai, de vó. Lembro de abraçar meu avô Perci e de ficar dançando como elefantes, agarradinhos, de um lado pro outro. Como aquilo me fazia bem. Lembro do cheiro do sabonete Phebo que meu avô Heribaldo usava e meu pai usa, e de como esse cheiro me traz segurança, força, qual o preço disso? Minha mãe toca uma música no piano que sempre me deixa tranqüilo e feliz e minha vó Hercília, faz, aos 95 anos, comidas que me mandam lá pros meus 9, 10 anos de idade. Como é que se replica isso?
Isso tudo é indescritível, inesquecível, e os cheiros, sabores, sons que ouvimos durante a infância e adolescência, nos confortam, estimulam e fazem um bem danado pra alma. E não dá pra explicar, pra traduzir para alguém que não participou dessas experiências, mesmo porque, elas são únicas, e a experiência que eu tive, pode ser totalmente diferente da sua. Cada um tem a sua, mesmo que o objeto da experiência seja o mesmo.
Duvido que uma torteleta de morango ou uma coxinha de catupiry da Perini, tenham o mesmo efeito em você, como tem em mim. Simplesmente adoro e não titubeio, são a minha escolha, pois me trazem boas sensações. E são deliciosas, claro.
Espero que as novas gerações, muito digitais e , embora conectadas o tempo todo, muito distantes, tenham a oportunidade de ter essas experiências, que podem ser até com novos materiais, que serão a referência para felicidades nostálgicas futuras. Esta revista, por exemplo, poderá, daqui a vinte, trinta anos, destrancar várias pequenas fechaduras mentais, e desentocar lá de dentro, o mais terno e singelo sentimento de felicidade. Tomara que este artigo ajude nisso.
E, nessas lembranças, não poderia de deixar de registrar o cuidado que a nossa querida Perini, com o esmero na preparação de seus quitutes, nos fazem ter acesso às muitas lembranças culinárias de nossa infância no interior, como o cuscuz de tapioca ou mesmo as de quem desde pequeno teve - e tem – o prazer de saborear essas delícias feitas por essa equipe maravilhosa.
E, para não fugir do tema que sempre abordo aqui, a etiqueta, vamos lembrar que essas boas experiências, sempre eram acompanhadas de carinho e atenção, que são fundamentais em qualquer situação onde você espera deixar boas lembranças, seja em relações profissionais ou pessoais.
Então, vamos combinar? Sejamos felizes, sempre. Nas andanças e nas lembranças, e não se esqueça, Seja gentil. Sempre.

Afonso Dantas é publicitário, sócio e diretor de criação da Camará Comunicação Total
Twitter: @Afonso_Dantas
e-mail: afonso.dantas@camaracomunicacao.com.br


Artigo publicado na Revista da Perini, edição nº12

Um comentário:

Allah Góes disse...

A verdade é que somos feitos e pedaços de lembranças.
Excelente texto.
Abçs...