quinta-feira, 14 de julho de 2011

Coluna A Tarde: A estranha cobiça da prefeitura

A Prefeitura Municipal de Salvador, não se sabe a razão -provavelmente por dever de ofício-, desperta cobiça de políticos com base eleitoral no município. A movimentação de alguns deles está evidente. Dezesseis meses antes das eleições já existem pesquisas, sem rigor técnico, realizadas por partidos e/ou interessados.

Nada com significado maior porque tais movimentos são absolutamente prematuros. As sondagens servem pelo menos para mostrar o cenário pré-campanha e quais os nomes que são lembrados pelos eleitores da cidade. Precedendo, assim, com tais explicações, o quadro de uma dessas pesquisas (a mais importante até aqui feita) aponta com melhor densidade a liderança de ACM Neto, que estaria roçando o patamar dos 30%.

Logo em seguida, embolam três nomes. Pela ordem de colocação na consulta: o do petista Nelson Pelegrino, o tucano Antônio Imbassahy e a senadora socialista Lídice da Mata. Os dois últimos ocuparam o cargo de prefeito de Salvador. Eles ficam com índices inferiores aos 20% e superiores aos 15%. Mário Kertész possivelmente ingressará no PMDB para disputar, conforme é do conhecimento, sem que haja desmentidos. A não ser, como de praxe, tímidos, o que demonstra e indica forte possibilidade de concorrer. Por não estar ainda na liça, seu nome não foi incluído na pesquisa.

Dos nomes citados, admitem-se como certos ACM Neto e Nelson Pelegrino, embora o petista possa ainda ser surpreendido com uma candidatura do senador Walter Pinheiro. Se tal acontecer, o governador Jaques Wagner ficará manietado deixando ao partido a missão de escolher entre os dois quem o representará. Nelson já foi candidato três vezes, está em evidente trabalho de pré-campanha. Pinheiro foi candidato na eleição passada e perdeu para João Henrique no segundo turno. O senador, por ora, nega a pretensão, mas pode mudar, segundo petistas.

ACM Neto também foi candidato na última eleição. Liderou o processo meses seguidos, caindo, no entanto, no primeiro turno. É uma das estrelas da bancada baiana na Câmara. Teria, virtualmente, a obrigação de se candidatar (a outra opção do partido seria o seu presidente regional, José Carlos Aleluia). O certo é que o DEM não pode ficar de fora do processo eleitoral. Imbassahy quer voltar a ser prefeito; Lídice de igual modo.

Pelegrino, ACM Neto, Walter, Lídice e Imbassahy a princípio nada têm a perder. São parlamentares com grande visibilidade no Senado e na Câmara dos Deputados. Todos com destaque. Uma campanha para a Prefeitura revitaliza seus nomes para, no mínimo, a eleição de 2014. Se nada têm a perder, naturalmente têm a ganhar se um deles for eleito prefeito. O outro lado da moeda é a pergunta mais do que óbvia: com tantos problemas de gestão, incluindo receita curta e múltiplas dificuldades, vale a pena ser prefeito de Salvador?

Mário Kertész já foi duas vezes prefeito, é experiente e nome de força na cidade. Como não está filiado a partido, o que provavelmente fará e sem demora, seu nome não apareceu, como já citado, na pesquisa ora sob foco. Mesmo com as dificuldades de Salvador, despontam com perspectivas de candidatura uma plêiade de políticos experientes que compõem um grupo de inquestionável peso e densidade, tanto na Capital como no interior do Estado.

Desconfio que são todos masoquistas ou, com explicava razões de ser candidato, no século passado, um populista candidato à prefeitura de Itabuna, perdedor incorrigível de eleições, aboletado nos palanques de comícios. Primeiro, perguntava aos eleitores para, depois, ele próprio responder em sequência:

“Vocês sabem por que tem tantos candidatos à prefeitura de Itabuna?”

“Não? Porque a prefeitura tem mel... Lá, os prefeitos ficam mesmo que guaxinim na cana do canavial: Ui! Ai! Ui! Chupando o mel da prefeitura...”

Chamava-se Jeremias, conhecido como Mimia, petebista da velha linha getulista. Não tinha voto, sempre perdia a eleição. Mas era sincero. Finda a apuração, avisava com pichações nos muros de Itabuna: “Mimia vem aí”. Nunca vi ninguém gostar de palanque como ele. Com exceção de Lula, é claro...

*Coluna de Samuel Celestino publicada no jornal A Tarde desta quinta-feira (14)

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