segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Apro conclama associados contra Sky

Entidade acusa operadora de agir de maneira sórdida contra cotas nacionais
por Marcos Bonfim, do propmark

A Apro (Associação Brasileira das Produtoras de Audiovisual) resolveu bater de frente e se posicionar diante da investida da Sky contra as cotas de produção audiovisual, aprovadas pela Congresso Nacional na lei 12. 458/2011. Em comunicado aos associados, a entidade pede para que "repliquem" as suas posições na redes sociais para minimizar os impactos da ações da operadora. A Sky, conforme informado anteriormente (leia mais aqui), começou a sua campanha para informar à sociedade o que considera "inconstitucional" e o que irá aumentar o custo da TV por assinatura no País.

Pela nota divulgada aos associados, a entidade diz que "a Sky de maneira sórdida, e em nome da democracia a qual ela se beneficia agora, sem nunca ter pago o preço, aponta o dedo para o presidente da Ancine chamando-o de forma repugnante e contestável de reacionário e controlador". A frase é uma referência às afirmações do presidente da Sky, Luiz Eduardo Baptista da Rocha, em recente coletiva da operadora à imprensa, quando afirmou que Manoel Rangel, diretor-presidente da Ancine, "tinha viés de controle como o que tinha a União Soviética nos anos 20", entre outras frases ácidas.

Em informe publicitário na revista Veja desta semana, a Sky critica o órgão do governo: "a Ancine está regulamentando esta lei, trazendo diversas regras ora incoerentes, ora ilegais e inconstitucionais, afetando diretamente os direitos dos consumidores e a liberdade de expressão e comunicação", para, em seguida, desenvolver uma linha de prós-contras à política de cotas.

Sonia Regina Piassa, diretora executiva da Apro, em entrevista ao propmark, disse que Rocha demonstra "um comportamento sórdido, mesquinho e mentiroso". De acordo com ela, as ações da Ancine não idealizadas por vontade própria do órgão federal, mas se "espelham um desejo da sociedade civil. "A classe C não acompanha legenda de filme. Ela quer ver produção nacional", disse. "A Sky nunca deu a mínima para o Brasil e agora quer falar em democracia", questionou Sonia.

Leia a íntegra da nota produzida pela Apro:

"Senhores Associados,



Entendemos que a maioria absoluta de nossas associadas vibrou com a aprovação da lei 12. 482, que estipula cotas de programação brasileira nas tevês por assinatura necessariamente executadas por produtoras brasileiras independentes, ou seja qualquer produtora nossa associada pode produzir conteúdo e de boa qualidade.

A SKY de maneira sórdida, e em nome da democracia a qual ela se beneficia agora, sem nunca ter pago o preço, aponta o dedo para o presidente da ANCINE chamando-o de forma incontestável de reacionário e controlador, veja no texto abaixo.

Estamos iniciando nesse momento uma campanha no Twitter para tentarmos minimizar os estragos que essa matéria que a SKY veiculou na Veja, possa provocar nos formadores de opinião e no povo brasileiro.

Democraticamente temos o legítimo direito de nos defender e contra-atacar a SKY e o faremos.

Pedimos a todos que tenham interesse repliquem nossa posição em suas redes sociais.

Atenciosamente,

Sonia Regina Piassa"

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Alckmin sugere a Serra disputar prévias em São Paulo

CATIA SEABRA, DE BRASÍLIA e DANIELA LIMA, DE SÃO PAULO

O ex-governador José Serra (PSDB) esteve na noite desta quinta-feira (23) no Palácio dos Bandeirantes para discutir sua provável candidatura à Prefeitura de São Paulo com o governador Geraldo Alckmin.

Alckmin sugeriu a Serra que, se desejasse mesmo concorrer, inscrevesse-se nas prévias do partido, marcadas para o dia 4 de março, como forma de preservar o empenho da militância no processo e evitar desgastes internos.

Serra, que não deu resposta definitiva, mostrou-se "receptivo" à ideia, segundo interlocutores.

Reportagem da Folha desta sexta-feira mostra que Serra avalia ser melhor apresentar uma definição antes que a disputa interna, marcada para o dia 4 de março, aconteça.

Na disputa estão os secretários estaduais Andrea Matarazzo, Bruno Covas, José Aníbal e o deputado federal Ricardo Trípoli.

A aliados Serra disse saber que o ideal seria dar uma resposta ao partido antes das prévias. Ele ponderou, no entanto, que ainda não tem uma posição sobre o assunto.

da Folha.com

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Demora em designar relator pode ser esperteza

O presidente da Câmara, Marco Maia, tem sido alvo de críticas de deputados e técnicos da Casa pela demora em designar relatores para as medidas provisórias. As propostas são entregues ao relator às vésperas de caducarem, favorecendo os “contrabandos” de emendas que nada têm com a matéria original. Com o prazo quase estourado, medidas acabam sendo aprovadas às pressas, com penduricalhos.

Onde mora o perigo
Em uma MP sobre produção de café, Eduardo Cunha (PMDB) incluiu facilidades para contratação de obras da Copa e do pré-sal.

Faca no pescoço
Para emplacar a cunha do deputado Eduardo, a bancada dos espertos ameaçou atrapalhar a votação da MP. Sem saída, o governo cedeu.

Não tem interesse
Proposta do senador Aécio Neves (PSDB-MG) proíbe o contrabando em medidas provisórias. Continua empacada na Câmara, claro.

do site de claudio humberto.

Cinzas de quarta-feira 2012 (alguém precisa dizer…)

Publicado por Hagamenon Brito e arquivado em Música, crítica, ideias, lista, pop


Saulo Fernandes, da banda Eva, foi o grande nome do Carnaval baiano de 2012

1. Saulo Fernandes, este foi o Carnaval de Saulo. Desde que lançou o álbum Veja alto, ouça colorido, em 2007, Saulo definiu sua personalidade na banda Eva (que já teve Ivete Sangalo) e iniciou seu processo de amadurecimento estético, (re)criando uma ligação do axé pop com suas raízes negras e investindo no formato canção acima de tudo. Neste Carnaval, ele atingiu a maturidade que imaginou, com uma credibilidade que o liga aos novos compositores e, também, ao Ilê Aiyê e outros pioneiros afros. Ao olhar para o passado, Saulo aponta para o futuro (e a Eva, com músicos ótimos e muito entrosamento, foi a melhor banda do Carnaval).

2. Claudia Leitte. Nenhuma cantora brilhou tanto quanto ela na folia, do figurino às apresentações. A controvertida performance no Rock in Rio, muito mais por causa das declarações da própria artista em redes sociais, parece que fez bem à cantora. No Carnaval baiano, Claudia nunca se mostrou tão segura quanto este ano e, também, mais natural, recuperando uma marca do seu começo de carreira. A maternidade agregou mais simpatia à loira. É assim que se faz: marketing e naturalidade bem dosados.

3. Léo Santana. Rebolation, em 2010, foi um hit nacional, mas no Carnaval de 2011 o Parangolé não brilhou. Uma produção, equivocada, tentou plastificar Léo demais – é preciso não matar a essência, mesmo quando o produto é bem produzido. Em 2012, mais experiente e com uma música interessante (Madeira de lei), Léo mostrou que é mesmo o melhor aluno de Xanddy (Harmonia do Samba) em competência e apelo sensual. E mais: a base percussiva do Parangolé se garante ao vivo.

4. Circulou. Parceria de Magary Lord, Leonardo Reis e Fábio Alcântara, gravada pelo Eva, a música parece saída do repertório pré-axé music de um Pepeu Gomes ou de um Moraes Moreira. Para virar hino de um Carnaval, a axé music já não precisa ser descerebrada e pode emplacar uma canção com D.N.A. de MPB e vocação para tocar durante todo o ano. Ah, Magary Lord, não vá se perder pelos caminhos do showbiz, tá?

5. Tomate. O cantor, às vezes, vacila e Uh, bebê não me parece um hit apropriado para um estado do Brasil que tem os maiores índices de gravidez na adolescência, mas, reconheço, a canção tem força e Tomate tem uma energia pop/axé/rock’n'roll acima da média como puxador de trio. Outro detalhe: ele, assim como Saulo Fernandes, nunca abandonou o circuito Campo Grande, o que criou uma certa empatia sua com o povão.

6. Cansados de guerra. Bell Marques, do Chiclete com Banana, e Durval Lelys, do Asa de Águia, têm muita história na axé music, é fato. Mas, gente estão cansados e demonstraram isso em caras & bocas e nas performances. Bell, paizão, pensa que pode passar o bastão por decreto para Rafa e Pipo: não pode, e ele, no fundo, deve saber disso. Os meninos precisam criar sua própria história. Já Durval, não tem herdeiro.

7. Mala. Daniela Mercury é a rainha da axé music, título conquistado na primeira metade dos anos 90 quando pegou uma cena regional e a projetou com ares pop para todo o Brasil. Com o tempo, porém, a cantora virou uma porta-voz turística (que o diga o DVD/CD Canibália) e uma artista que, na avenida, pensa estar num palco imóvel e faz shows que atrapalham o tempo, a dinâmica de outros colegas e trios. Alguns shows, aliás, têm qualidade estética duvidosa, mas são vendidos como de relevância artística (a ópera jorgeamadiana foi um deles).

8. Marcio Victor. Tenho um caso, ops!, um probleminha com o líder do Psirico. Um monte de gente bacana, incluindo músicos talentosos, me diz que ele é o máximo, que tem uma energia performática incrível, etc. Eu, que devo estar ruim da cabeça ou doente do pé, porém, vejo o Psirico passar (este ano, na Barra-Ondina, domingo, no início da madrugada), e presencio apenas um vocalista/músico com síndrome de neguinha da Ribeira. E com muita briga em volta da passagem da banda.

9. Ivete Sangalo. Depois de alguns anos de reinado feminino incontestável na folia momesca (amo esse clichê!) soteropolitana, a estrela não apresentou novidades e nem conseguiu emplacar a (fraca) música Qui belê. Hora de repensar conceitos, creio.

10. Hagamenon Brito. Criador do termo axé music (anos 80) e frustrado por não ter conseguido lucrar financeiramente com esse rótulo adotado pela indústria musical nacional, o jornalista pirou na couve e quer, cada vez mais, prolongar seus 15 minutos de fama. Sabe Deus onde esta criatura vai parar.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

JÁ É CARNAVAL, ACORDA PRA VER!!!!

Supremo aprova Lei da Ficha Limpa a partir das eleições de 2012

Maurício Savarese
Do UOL, em Brasília

Por 7 votos a 4, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta quinta-feira (16) que a Lei da Ficha Limpa é constitucional e valerá a partir das eleições municipais deste ano. Com isso, não disputarão eleições por pelo menos oito anos vários políticos brasileiros que renunciaram ao cargo ou foram condenados por órgãos colegiados da Justiça. A decisão alcança casos anteriores à sua existência.

Ficha Limpa: políticos que poderiam ter problemas caso quisessem concorrer em 2012

Da mesma forma que o marido, Janete Capiberibe (PSB) conseguiu se beneficiar com o fato de a Lei da Ficha Limpa não valer para 2010 e tomou posse como deputada federal em julho de 2011. Janete teve o mandato de deputada federal cassado também por suposta compra de votos nas eleições de 2002 Alan Marques/Folhapress

Com a decisão, a Corte decidiu que os condenados em segunda instância da Justiça não podem disputar eleições apesar da possibilidade de serem inocentados posteriormente. Os defensores da ideia advogaram que impossibilidade de candidatura não é pena, e sim pré-requisito. Nesse grupo ficaram o relator, Luiz Fux, Joaquim Barbosa, Rosa Weber, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Carlos Ayres Britto e Marco Aurélio de Mello.

ENTENDA A LEI DA FICHA LIMPA

A Lei da Ficha Limpa, aprovada pelo Congresso e sancionada dia 4 de junho de 2010 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, impede, dentre outros dispositivos, a candidatura de políticos condenados por um colegiado da Justiça (mais de um juiz).

Segundo a lei, fica inelegível, por oito anos a partir da punição, o político condenado por crimes eleitorais (compra de votos, fraude, falsificação de documento público), lavagem e ocultação de bens, improbidade administrativa, entre outros.

Veja dez pontos sobre a aplicação da Lei da Ficha Limpa

Os críticos afirmaram que a Ficha Limpa anularia a presunção da inocência até o julgamento final. Nesse grupo, ficaram Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Celso de Mello e o presidente da Corte, Cezar Peluso. Apesar da divergência, o clima no fim da sessão foi de celebração. "A lei é um avanço. Nossas diferenças são contingenciais", disse Peluso. "No fim da festa todo mundo fica bonito."

Nesta quinta-feira (16), os ministros Marco Aurélio de Mello, Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Britto se somaram a Luiz Fux, Joaquim Barbosa, Rosa Weber e Cármen Lúcia na defesa do mecanismo que surgiu de uma iniciativa popular levada ao Congresso. Peluso, Celso de Mello e Gilmar Mendes divergiram do relator e se juntaram em grande parte aos argumentos de Dias Toffoli.

O Supremo ainda terá de decidir se a inelegibilidade se dará a partir da condenação em órgão colegiado ou se apenas depois do julgamento final --nesse caso, o tempo de afastamento da vida pública superaria os oito anos em vários casos.

Voto decisivo

Uma pessoa que desfila pela passarela quase inteira do Código Penal, ou da Lei de Improbidade Administrativa, pode se apresentar como candidato?

Ministro Ayres Britto
No voto decisivo, o ministro Ayres Britto afirmou que a Lei da Ficha Limpa "está em total compatibilidade" com preceitos constitucionais. Segundo ele, a Constituição brasileira deveria ser mais dura no combate à imoralidade e à improbidade. “Porque a nossa história não é boa. Muito pelo contrário, a nossa história é ruim”, disse. Para o vice-presidente da Corte, o mecanismo visa "mudar uma cultura perniciosa, deletéria, de maltrato, de malversação da coisa pública, para implantar no país o que se poderia chamar de qualidade de vida política, pela melhor seleção, pela melhor escolha dos candidatos, candidatos respeitáveis”.

Crítico da aplicação da lei nas eleições de 2010, o ministro Marco Aurélio mudou de ideia e acompanhou a maioria vencedora, mas não admitiu a aplicação da lei para candidatos que seriam barrados por fatos acontecidos antes da aprovação da lei. "Vamos consertar o Brasil de forma prospectiva, não de forma retroativa", disse. O decano da Corte, ministro Celso de Mello, concordou.

O ministro Lewandowski, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), repetiu que a exigência de moralidade na vida pública deve se sobrepor ao direito individual de ser considerado inocente até palavra final da Justiça. “Nós estamos diante de uma ponderação de valores, temos dois valores de natureza constitucional de mesmo nível”, disse.

No primeiro julgamento da questão, por 6 a 5, o Supremo decidiu que a medida não era aplicável à votação de 2010 por ter sido sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva menos de um ano antes do pleito –o que é vedado pela legislação eleitoral. Desta vez, ao contrário do que ocorreu no início de 2011, Fux votou a favor da aplicação. Weber, que substituiu outra defensora da lei no primeiro julgamento, a ex-ministra Ellen Gracie, também deu seu apoio.

O Supremo voltou a discutir o assunto após pedido de vista do ministro Dias Toffoli. Os três processos que colocaram a vigência da lei em dúvida começaram a ser debatidos em novembro. O primeiro de dois pedidos de vista foi feito por Barbosa, sob a justificativa de que a Corte ainda estava desfalcada de um ministro após a saída de Ellen. Weber só tomou posse neste ano.

A lei pesou sobre vários candidatos já nas eleições de 2010. O mecanismo prevê inelegibilidade para políticos condenados na Justiça, mesmo sem decisão final, e para os que renunciaram ao cargo para escaparem de cassações. Foram os casos do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC) e dos senadores Jader Barbalho (PMDB-PA) e João Capiberibe (PSB-AP), entre outros.

Histórico
No voto mais esperado do julgamento, a ministra Rosa Weber afirmou que não há empecilho para que um candidato se torne inelegível antes de ser condenado de forma definitiva –exatamente conforme o mecanismo prevê. “A Lei da Ficha Limpa foi gestada no ventre moralizante da sociedade que está agora exigir dos poderes instituídos um basta”, afirmou. “Inelegibilidade não é pena. E aqui o foco é a proteção da legitimidade das eleições e da soberania popular.”

Primeiro ministro a votar contra a iniciativa, Dias Toffoli afirmou que a Lei da Ficha Limpa tem a “pior redação legislativa dos últimos tempos”. Foi acompanhado por comentários de enfáticos Gilmar Mendes. “A Corte pode decidir contra a opinião popular. Se não faríamos plebiscito toda hora e alteraríamos a Constituição. A pena de morte seria aprovada. O modelo contramajoritário serve para defender o indivíduo de si mesmo”, disse.

Em seu relatório, lido no ano passado, Fux considerou problemática a aplicação da lei para casos de renúncia com objetivo de evitar cassações, mas admitiu que condenações em órgãos colegiados servem para barrar candidaturas. Depois de pedir vistas, o ministro Joaquim Barbosa endossou o abandono de cargo como critério --esse voto e o do relator ainda dividem o apoio dos defensores da Lei da Ficha Limpa.

Tanto os defensores do mecanismo como Toffoli concordaram em um ponto: a lei não fere o princípio da irretroabilidade --que proíbe imputar crime a fatos ocorridos antes da confecção de uma determinada lei. Divergiram nesse ponto os ministros Marco Aurélio, Celso de Mello e Cezar Peluso.

(Com Agência Brasil e Agência STF)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Nizan Guanaes - Pesquisa 4.0

A função da comunicação é provocar; isso é o que os intervalos comerciais deveriam estar fazendo


Não sei quando começou, mas o mundo da pesquisa está perdendo sua natureza exploratória, construtivista, voltada para a identificação de possibilidades e está abraçando, cada vez mais, uma visão racionalista.

O resultado está aí para quem quiser ver. É só ligar a televisão e descobrir o quanto as decisões baseadas em pesquisas que eliminam riscos e conflitos estão gerando campanhas que refletem agendas já estabelecidas e mantêm o consumidor dentro da zona de conforto.
Só preciso de alguns minutos na frente da TV para me sentir na frente da esteira de bagagens de um aeroporto: paralisado pela mesmice de modelos de malas que se repetem continuamente e me impedem de acertar o momento de dar um passo à frente e pegar o que é meu. Tudo parece ter a mesma cara.

Todos nós temos enfrentado a necessidade de rever conceitos e abandonar modelos. Todos nós temos aprendido a mudar. Acho que agora é a vez de quem compra, de quem faz e de quem usa pesquisas.

Importa pouco se essa mudança significa rever a forma de fazer a pergunta ou de compreender a resposta. Também pouco importa se isso significa recuperar metodologias e técnicas ou desenvolver outras totalmente novas. A pesquisa precisa estar a serviço da geração de ideias e estratégias, e não no controle delas. Como diz aquela frase atribuída a Henry Ford: "Se eu tivesse perguntado ao consumidor o que ele queria, ele teria respondido -um cavalo mais rápido".

As pesquisas, que foram uma extraordinária alavanca, que fazem tanta diferença até hoje, estão, a meu ver, patinando e pasteurizando a publicidade e o marketing. E jogando centenas de milhões de dólares no ralo pelo mundo inteiro.

Colocar a pesquisa no controle significa menosprezar a importância e a contribuição positiva que decisões tomadas fora da curva, contrariando a média, têm sobre nossos negócios.

Quando resultados de pesquisa são usados como álibis dentro de nossas corporações, todo mundo perde tempo e dinheiro e tudo fica igual, morno, bege.

O ser humano é cheio de camadas e não é só racional. O ser humano mente, inclusive para si mesmo. O ser humano fala uma coisa com a boca e outra com os olhos. Um não pode ser um NÃO. Ou um naaaão! Ou não?

Não estou defendendo em absoluto que pura e simplesmente não se testem os comerciais. Isso é uma conversa infantil. Mas acredito que hoje a maioria das pesquisas como são feitas e analisadas já não basta para um mundo tão complexo. A porca ruiu.

Precisamos de novos olhares, novos métodos, novas matrizes. Precisamos buscar uma pesquisa 4.0. Afinal, tem coisas que o raio-X detecta, tem outras que só a ressonância magnética detecta e tem outras coisas que só o psicanalista detecta. As perguntas mudaram, as respostas mudaram. Então é natural que mudemos o jeito de investigar.

Eu não preciso fazer pesquisa sobre este artigo para saber que ele vai suscitar debate. Tenho tanta certeza disso que não vejo a hora de publicá-lo. A função maior da comunicação é provocar. Isso é o que os intervalos comerciais deveriam estar fazendo.

Sou redator e sou empresário. O homem de criação em mim sente o que sentem milhões de profissionais de publicidade e de marketing, nas agências e nos clientes.

As práticas de pesquisa, que foram usadas de maneira tão brilhante e inovadora por David Ogilvy e Leo Burnett, estão ficando cada vez mais a serviço da administração, quando deviam se colocar a serviço de grandes ideias.

Por outro lado, o meu lado empresário sabe que não dá para construir marcas usando apenas "feeling". Isso também não comportaria a complexidade do mundo atual.

Só dá para provocar, comover, ser memorável, com talento criativo, com sexto sentido combinado a repertório, conhecimento, aprendizado.

É por isso que precisamos de novos instrumentos, novas ciências que juntem alopatia e homeopatia. Corpo e alma. Afinal, a publicidade não vive sem alma. Afinal, ela é a alma do negócio.

NIZAN GUANAES, publicitário e presidente do Grupo ABC

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Líder do PR sobre ministro: ‘cara de pau safado’

Josias de Souza

O senador evangélico Magno Malta (ES), líder do PR, declarou guerra santa ao ex-seminarista Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. Em linguagem pouco cristã, chamou-o de “safado”, “mentiroso”, “irresponsável”, “cara de pau”, “camaleão” e “ministro meia-boca”.

Suposto aliado do governo, o senador peérre desancou o auxiliar que Dilma Rousseff chama de Gilbertinho do alto da tribuna. Ao noticiar o discurso de Malta, a agência de notícias do Senado cuidou de filtrar-lhe o destempero.

Em notícia levada ao site oficial, anotou-se que o orador considerara “irresponsável” um comentário do ministro sobre os evangélicos. De resto, reproduziu-se uma frase em que o senador diz sobre Gilbertinho: “Mente com muita facilidade, escamoteia, tem comportamento dúbio.”

Deve-se à repórter Maria Lima uma reconstituição mais completa. Testemunha da cena, ela empilhou em seu relato os outros adjetivos. O ministro acendeu o pavio do senador ao participar, dias atrás, de encontro com representantes de movimentos sociais. Deu-se no Fórum Social ocorrido em Porto Alegre (RS).

Durante a conversa, Gilbertinho aconselhara a turma dos “movimentos” a se aproximar do pedaço evangélico da sociedade. Uma gente que emerge para a classe média, mas continua dominada por telepastores.

Malta indignou-se: “Ora, vá procurar sua turma, seu Gilberto Carvalho! Está brincando com o quê? Não são os evangélicos que compram e vendem cocaína no Brasil!”

Disse mais: “Temos que reagir a essa fala irresponsável desse ministro meia-boca. Vou falar uma coisa agora porque depois vou ser processado: safado! Acho bom respeitar as pessoas!”

Prosseguiu: “Acho bom respeitar o povo e as pessoas que promovem a paz neste país, aqueles que podem subir o morro, ganhar almas para Jesus, abrir igrejas. Que Deus tenha misericórdia com Gilberto Carvalho.”

Admirador de Lula, a quem Gilbertinho serviu como chefe-de-gabinete, Malta recordou: na sucessão presidencial de 2002, valendo-se do pé que mantém nos templos, correra o país em campanha para “desdemonizar” Lula.

Afirma ter repetido a cruzada em 2010. Dessa vez, saiu em socorro de Dilma, “considerada abortista”. Dirigindo-se ao ministro, insinuou que o petismo pode voltar a precisar dele: “Barriga não dói só uma vez não, seu cara de pau! […] Lave sua boca com álcool”.

Como se vê, Deus existe. Mas não dá expediente em tempo integral. Convém ao Padre Eterno abrir os olhos. Do modo como a coisa caminha, o Tinhoso acaba convencendo a platéia de que Ele não merece existir.

do Blog do Josias

Celular ao alvo

Do tipo que não leva desaforo para casa, o tucano Nestor Duarte Neto era secretário de Transportes da prefeitura de Salvador. Certo dia, ele participava de reunião em que o prefeito chorão de Salvador, João Henrique, reclamou que auxiliares não o defendem das críticas. Nestor tentou ponderar, mas o prefeito elevou o tom da voz, rispidamente.
- Vá gritar com suas negas, prefeito! – gritou Nestor, para depois, segundo pessoas presentes, atirar o celular contra o chefe.
Que chorou, é claro, e virou seu ex-chefe.

do site de claudio humberto.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Um bilhete, várias interpretações

A análise de um bilhete pode dizer muito. Será?
confira abaixo as interpretações de um bilhete, se fosse dos citados abaixo.


Por Gilberto Gil:

Bilhete de Gil à diarista é considerado incompreensível


SALVADOR – “Socorro, por favor deixa um guisadinho de abóbora com carne para o fim de semana. Obrigado, Gil.” Escrito na última segunda-feira por Gilberto Gil e endereçado a sua diarista Maria do Socorro, a mesma de Chico Buarque, o bilhete veio à público ontem e imediatamente causou perplexidade em boa parte da crítica brasileira.

Na Folha, o crítico Roberto Kaz julgou que as acrobacias sintáticas da mensagem não desvelam eventuais potencialidades do idioma, antes estariam a serviço de “uma opacidade recherchée, sem substratos magmáticos de sentido.” Kaz dedica boa parte de sua crítica à expressão “deixar um guisadinho para o fim de semana”. Ele pergunta: “Por que diabos o fim de semana gostaria que lhe fosse deixado um guisadinho? Há algo de vagamente místico, para não dizer teleológico, nessa ideia de um sábado que quer guisadinhos, mas exatamente do que estamos falando aqui eu não sei.”

Epaminondas Veras, do Estadão, preferiu ressaltar o sentimento agônico que se instala no leitor ao cabo da leitura. “O que Gil quer dizer com guisadinho? Será um guisado pequenininho? É de pouca comida que estamos tratando? Intimações da Somália? Ou não é nada disso, e Gil está fazendo um comentário sobre o uso dos hipocorísticos no falar brasileiro, esses diminutivos de carinho que nos acompanham desde “sinhazinha” e “dotôzinho”? Então é crítica social? E se estamos falando de afeto, é afeto por uma abóbora? Gil pornógrafo, leitor de Bataille? É por demais confuso.”

No Globo, Rodrigo Fonseca publicou uma longa coluna sobre “a degradação de uma estética da apatia que decerto bebeu na fonte do primeiro Antonioni, sem conseguir, no entanto, plasmar a vertigem existencial do mestre italiano, cuja lassidão filosófica, na leitura gilberto giliana, se banaliza na superficialidade burguesa de um tédio de sábados e domingos movidos à comida requentada, aos quais, numa tentativa malograda e artificial de pathos, tenta-se acrescentar a palavra Socorro, como se isso bastasse.”

José Ramos Tinhorão se juntou ao coro dos descontentes. Em ensaio publicado na revista Dicta e Contradicta, o crítico lembrou que o conceito de fim de semana nasceu com o capitalismo, e deriva do inglês weekend. “Gil se americanizou.”

A Casa de Rui Barbosa negou a contratação de pesquisadores para estudar o significado da única mensagem deixada por Gilberto Gil na secretária eletrônica do seu personal trainer, Marcão: “É verdade que há dois anos começamos a estudar esse material”, explicou Wanderley Guilherme dos Santos, presidente da Fundação. “Fracassamos.”

O recado diz: “Marcão, estalei uma costela. Melhor desmarcar. Abraços, Gil.”

“Costelas não estalam”, declarou, perplexo, um pesquisador da casa.


Por Chico Buarque:

Bilhete de Chico Buarque à diarista é considerado magistral


LEBLON – “Socorro, por favor deixa um guisadinho de abóbora com carne para o fim de semana. Obrigado, Chico.” Escrito na última sexta-feira por Chico Buarque e endereçado à sua diarista Maria do Socorro, o bilhete veio a público ontem e foi imediatamente considerado excepcional por boa parte da crítica brasileira.

Na Folha, o crítico Roberto Kaz ressaltou como a tensão dialética empregada por Chico desnuda as contradições da sociedade brasileira. “Há na mensagem esse magma complexo que nos define – delicadeza e opressão, gentileza e comando, flor e aço. É toda a relação ambígua entre as classes que se dá a ver nestas 15 palavras”, apontou.

Epaminondas Veras, do Estadão, preferiu ressaltar o sentimento agônico que se instala no leitor ao cabo da leitura. “Terá Socorro deixado o guisadinho? Estamos na estação das abóboras? Nada disso se resolve na leitura, e Chico nos deixa a contemplar a possibilidade do abismo. É uma experiência devastadora”, escreveu.

No Globo, Rodrigo Fonseca publicou uma longa coluna sobre “as vitalidades contraditórias de uma estética que decerto bebe na fonte do primeiro Scorsese, apenas para, em seguida, dar meia volta e se encharcar de perplexidade bergmaniana, sublinhada, com agudez certeira, na pungência visceral da primeira palavra: Socorro.”

José Ramos Tinhorão foi uma das poucas vozes discordantes. Em ensaio nos Cadernos do CEBRAP, o crítico lembrou que a abóbora não é uma espécie nativa, e que Chico, no bilhete, revela a falta de potência criativa do colonizado entregue ao gosto estrangeiro, estranho às suas gentes. “Sabemos, ademais, que abóbora, no Brasil popular, é conhecida por jerimum. O registro erudito de Chico Buarque nada mais é do que um sinal de seu apartamento dos pobres do país. O seu cardápio é o da aristocracia, não o do proletariado. Chico se americanizou.”

A Casa de Rui Barbosa anunciou que concederá, a partir de setembro, duas bolsas de pesquisa para estudantes de doutorado que queiram se dedicar ao estudo dos recados deixados por Chico na secretária eletrônica de seu personal trainer, Marcão. “Há dois anos começamos a estudar esse material”, revelou Wanderley Guilherme dos Santos, presidente da Fundação. “Em dezembro, um dos nossos pesquisadores defenderá uma tese de doutorado em que interpreta, à luz da neurociência, um dos mais famosos recados que Chico deixou para Marcão: ‘Marcão, estalei uma costela. Melhor desmarcar. Abraços, Chico’.”

“A tensão é quase insuportável”, declarou um pesquisador com acesso ao recado

Por João Gilberto

Bilhete de João Gilberto à diarista é considerado revolucionário


Um grupo de semioticistas da UNICAMP estudará a despensa de João Gilberto. "O clique-claque das latinhas de Nescau contra os azulejos produzem uma assombrosa cadência de tercinas em si bemol menor", disse um deles .

BECO DAS GARRAFAS – “Socorro, por favor deixa um guisadinho de abóbora com carne para o fim de semana. Obrigado, João.” Escrito na última quarta-feira por João Gilberto e endereçado a sua diarista Maria do Socorro, a mesma de Chico Buarque e Gilberto Gil, o bilhete veio a público ontem e foi imediatamente considerado revolucionário por boa parte da crítica brasileira.

Na Folha, o crítico Roberto Kaz chamou atenção para a métrica sincopada da palavra "abóbora". "Por que João não pediu couve, espinafre ou cenoura? Carninha moída vai bem com macarrão, mas ele não pede macarrão. Por quê?", indagou o crítico, que logo respondeu: "Porque abóbora tem a dupla repetição da letra b, em contratempo, como no refrão da música ‘Bim bom’. Ao ler abóbora em síncopa de quiálteras, há a transfiguração de algo banal num dos mais belos pedidos de comida da história da MPB."

Epaminondas Veras, do Estadão, preferiu ressaltar o diálogo agônico com a tradição, “essa dialética trágica de reverência e ruptura com nossa herança musical. ‘Guisadinho’ remete a ‘banquinho’, ‘barquinho’ e ‘tardinha’, que João eternizou; mas, sobretudo, remete ao ‘peixinho’ de Vinícius, o animal que, agora, morto e transformado em guisado, está posto diante de nós como cadáver de nossas ambições civilizatórias.”

No Globo, Rodrigo Fonseca publicou uma extensa coluna a respeito da originalidade formal do recado. "João bebeu nas fontes do primeiro Godard. Do contrário, o recado terminaria na palavra ‘semana’, mas João sabe que não há obra sem autor, e então, num gesto estético visceral, ele acrescenta o seu nome ao texto. É uma arriscada experiência de metalinguagem que nada deve à autoreferência vertiginosa de Le Mépris e A Chinesa, aos quais João acrescenta, como Lars Von Trier em Melancolia e Slovat Ker-Shebahb em Ascensão e Queda do Império Otomano, de 1856, a cisão magmática de uma angústia existencial que põe em crise as certezas do espectador, reduzido a repetir, como um cão , a primeira de todas as palavras: Socorro.”

O crítico José Ramos Tinhorão foi dos poucos que não se deixou impressionar. Em ensaio publicado na revista Inteligência, ele estranhou o fato de o recado começar com a palavra Socorro. “A moça se chama Maria do Socorro. João poderia ter dito, ‘Maria’, ou mesmo ‘Maria do Socorro’. Mas não: é ‘Socorro’. Aliás: ‘Socorro, por favor’. Versificado, temos:

Socorro

Por favor

Que nada mais é do que

Help {me},

If ou please

O recado não passa de uma glosa dos Beatles. João se americanizou.”

A Casa de Rui Barbosa confirmou a contratação de pesquisadores para estudar as mensagens deixadas por João Gilberto na secretária eletrônica do seu personal trainer, Marcão. “Há dois anos estamos debruçados sobre esse material”, explicou Wanderley Guilherme dos Santos, presidente da Fundação. “Um dos nossos alunos de doutorado está prestes a publicar um artigo sobre a prosódia de João à luz da telefonia celular. É impressionante como ele altera as quebras rítmicas em função da operadora. O famoso ‘Marcão, estalei uma costela. Melhor desmarcar. Abraços, João’, soa inteiramente diferente quando dito através da Vivo ou TIM.”

“A costela do João estala em quintas invertidas”, declarou um pesquisador da casa com acesso à gravação.


Lobão critica recado de Caetano à diarista


Um grupo de semioticistas da UNICAMP estudará a despensa de Caetano. "Parece que a Paula Lavigne vem uma vez por semana organizar os enlatados", disse um deles.

AMARALINA – “Conformista e conservador”, vaticinou Lobão, assim que tomou conhecimento do bilhete deixado por Caetano Veloso para sua diarista, Maria do Socorro, a mesma de Chico, Gil e João Gilberto. Em iPad deixado na cozinha, Caetano escreveu: “Sossô, por favor deixa um guisadinho de abóbora com carne para o fim de semana. Obrigado, Caetano.”

“Tem coisa mais careta do que guisadinho de abóbora com carne?”, indagou Lobão, para quem o bilhete é uma evidência de como Caetano há muito deixou de ser um artista inquieto. “Nada de novo acontece no mundo dos guisados. Caetano sabe disso. No passado, ele pediria a Socorro uma espuma de lichia sobre cóccix de pato e suspiros de celulose.”

Lobão foi adiante: "Reparem que Caetano não pede sobremesa. Uma atitude burguesa, de quem se preocupa com a silhueta, na contramão absoluta da atitude transgressora e iconoclasta dos Doces Bárbaros – e isso apesar de toda aquela cafonice tropicalista." Em revelação bombástica, Lobão disse possuir provas de que Caetano faz ginástica. “Tenho recados gravados do Caetano para o personal trainer dele”, soltou Lobão, com evidente asco. “O homem se chama Marcão.”

As críticas não pararam por aí. "Também chamo atenção para a arrogância de classe dos recados deixados aos empregados. A MPB subiu no pedestal. Caetano estava ocupado demais para falar com Socorro pessoalmente? Teria medo de ouvir alguma crítica a suas colunas no Globo?"

Lobão concluiu com uma proposta para espalhar receitas de guisadinho em bancas de jornal.

No Leblon, a atriz Luana Piovani foi vista saindo de um supermercado com uma abóbora na mão. “O recado é para mim”, disse.

Na Folha, o crítico Roberto Kaz sustentou que o recado é uma reatualização da Semana de 22. "Abóbora é símbolo do Halloween. Mas Caetano a aproxima do guisadinho, um prato que percorre as camadas mais fundas da cultura nacional. Com isso, sugere um festim antropofágico."

Epaminondas Veras, do Estadão, preferiu destacar o sutil jogo de espelhos proposto pelo texto. "É guisado de carne com abóbora, ou de abóbora com carne? Importa a ordem? Numa vertigem, nos damos conta que o recado de Caetano pode ser o avesso do avesso do avesso. Onde queres abóbora sou carne? Onde queres carne, sou Sossô? Onde sou Sossô, sou Caetano?", perguntou.

No Globo, Caetano usou sua coluna dominical para dizer que o guisadinho nasceu na Bahia. "Nas ladeiras do Pelourinho, no dia 13 de maio, um guisadinho de moranga foi preparado na casa de seu Popó do Maculelê. Andy Warhol plantou batatas em Londres. Lobão tem razão."

No mesmo jornal, o crítico Rodrigo Fonseca se declarou visceralmente atingido pelo recado: “Não se sai impune do guisadinho de Caetano. As águas da incomunicabilidade se agitam em ondas de dor onde os ingredientes caminham num Blow Up contínuo que lhes revele a razão da ausência perpétua que lhes governe. Em síntese: trata-se do Rosebud de Welles, um elemento fantasmático a lembrar, agora, as ruínas da contemporaneidade que Benjamin evocou no filme que jamais dirigiu.”

O crítico José Ramos Tinhorão cerrou fileira com os que não gostaram. Em ensaio publicado na revista Tempo Social, Tinhorão observa que Caetano não faz, no recado, qualquer referência ao jongo da Serrinha. “Caetano se americanizou.”

A Casa de Rui Barbosa anunciou que concederá, a partir de setembro, duas bolsas de pesquisa para estudantes de doutorado que queiram se dedicar ao estudo dos recados deixados por Caetano na secretária eletrônica de seu personal trainer, Marcão. “Há dois anos começamos a estudar esse material”, revelou Wanderley Guilherme dos Santos, presidente da Fundação. “O problema é que a secretária só grava 3 minutos e a fala de Caetano é sempre interrompida no meio. Parece que ele estalou alguma coisa, mas nunca ficamos sabendo o quê ou quem.”

José Celso Martinez anunciou que encenará o bilhete de Caetano. No espetáculo, que durará dois meses, espectadores vestidos de abóbora serão sodomizados por Maria do Socorro.


Da Revista Piauí. Levemente adaptado.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Bye, bye Bahia

A embaixada dos EUA alertou os americanos para o risco de viagens a Salvador. Só em caso de “viagem essencial”. Férias, por exemplo?

Recordar é sofrer

Jaques Wagner, o governador de volta para o futuro: em 2001, sob inspiração petista, uma greve deixou a Bahia entregue aos bandidos.

do site de claudio humberto.

Comentário do blog: Wagner, o coveiro do turismo na Bahia.

Para opositores, ligação de Denucci é com Guido Mantega

“Operação abafa” tenta blindar o ministro Guido Mantega (Fazenda) em relação ao escândalo de corrupção na Casa da Moeda, subordinada a seu gabinete e cujo presidente, Luiz Felipe Denucci, é acusado de receber propinas de US$ 25 milhões no exterior. Mas a oposição suspeita que o ministro mentiu, quando atribuiu a indicação de Denucci ao PTB. O partido apenas “endossou” a escolha de Mantega.

Negócio maior

Intrigam a oposição os valores das supostas propinas, exagerados para terem sido pagas apenas por fornecedores da Casa da Moeda.

Proteção total

O ministro sabia que Luiz Felipe Denucci era investigado pela Polícia Federal e pela Receita Federal, mas ainda assim o manteve no cargo.

Ouvidos moucos

O ministro da Fazenda também não tomou qualquer atitude quando há um ano o PTB retirou o “endosso” a Denucci, citando as acusações.

Desembucha, ministro

Certos de que Mantega tem muito a explicar, os senadores Álvaro Dias (PSDB-GO) e Demóstenes Torres (DEM-GO) querem sua convocação

do site de claudio humberto.

Duas medidas na greve da PM baiana

Duas medidas na greve da PM baiana
Enquanto nas mídias sociais, em entrevistas e nas manifestações públicas, os grevistas da PM tentam passar um lado humano, sofredor e sobretudo de família - vide a quantidade de crianças nos movimentos, que - dizem - estão sendo usadas como escudo - nas ruas a situação é outra, com ônibus sendo sequestrados e até queimados, agressões e intimidações.
Assim agem no dia-a-dia, com policiais honestos e cumpridores do dever, e com policiais violentos e corruptos. E, o protesto de cada um, se manifesta de forma a exibir seu caráter. O bom, o mau, o belo, o feio.
Suas reivindicações são justas, mas fazer o povo baiano, já tão sofrido, pagar, é que não dá.
E vamos separar o joio do trigo. Os bons policiais dos maus. Tarefa Hercúlea, mas que deve ser contínua.
Enquanto isso, a Bahia praticamente para. O turismo, o comércio, a vida das pessoas, está bastante tumultuado e os prejuízos, incontáveis.
Quantos ainda, pagarão pela greve, seja em patrimônio ou em sangue?
Juízo aos dois lados. E paz para todos.
Afonso Dantas

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Piada soteropolitana

Com a greve na polícia, todo mundo correu do caos e dos arrastões em Salvador. Menos o governador Jaques Wagner, que estava em Cuba.

do site de claudio humberto.

Prédio que desabou no Rio abrigava agência


Iniciativas de colaboradores querem angariar recursos para reconstruir a digital Nuva
por propmark













Agência era sediada em um dos prédios que caiu no Rio de Janeiro
Nos escombros dos prédios que desabaram no centro do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (25), está a agência de marketing digital Nuva, que funcionava no 12º andar do número 44 da Rua 13 de maio, no centro, e pertencia a Pablo Augusto e Guga Alves. Após o desastre, foram iniciadas várias campanhas para ajudar os antigos donos a reconstruir a agência, como nos sites "Ajude os amigos" e "Ajude a agência Nuva".

IndexSocial passa a oferecer planos pagos

Ferramenta realiza análise de reputação das marcas nas redes sociais
por propmark

O IndexSocial, ferramenta criada pela Espalhe para medir o desempenho das marcas nas redes sociais, passa a ser comercializada para empresas e pessoas físicas a partir desta semana. Lançada em setembro de 2011, a solução pode ser adquirida em três planos: Básico, com acesso gratuito para um usuário, com direito ao monitoramento de duas marcas; Profissional, também para um usuário, mas com monitoramento de até 20 marcas; e Corporativo, por até cinco usuários e sem limite de marcas a serem monitoradas.

O ranking geral do IndexSocial é de acesso gratuito e pode ser conferido em seu site. Atualmente, a ferramenta mede o desempenho de aproximadamente 500 marcas, levando em conta a audiência e o engajamento delas nas redes Facebook, Twitter e YouTube.

Dilma diz a Temer que não pretende se envolver na eleição de SP, onde o PT rivaliza com PMDB

Josias de Souza

Dilma Rousseff e Michel Temer conversaram reservadamente sobre eleições municipais. No encontro, a presidente disse ao vice que não cogita envolver-se nas eleições municipais nas cidades em que PT e PMDB estiverem em palanques opostos.

Trataram especificamente do caso de São Paulo, uma praça em que há a perspectiva de um embate entre o petê Fernando Haddad, endossado por Lula, e o pemedebê Gabriel Chalita, apoiado por Temer. “Não vou entrar”, disse Dilma.

A conversa ocorreu semanas atrás. Dilma empregou um vocábulo simbólico para traduzir o tipo de comportamento que tenciona adotar. Conforme relatou Temer a integrantes do seu grupo político, a presidente declarou que vai se portar como “estadista”.

Se for assim, pior para o PT, que esperava exibir Dilma ao lado de Lula nos palanques de Haddad. Um desejo aguçado pelo Datafolha. O instituto atribuiu a Dilma taxa de aprovação de 59% no primeiro ano de gestão. Bateu o Lula do primeiro ano do segundo reinado: 50%.

Levando a intenção às últimas consequências, Dilma adotará diante das urnas um critério diferente do que foi seguido por Lula. Amante dos microfones, o ex-soberano preferiu a política do palanque múltiplo ao distanciamento.

Na teoria, apoiava todos os candidatos filiados a partidos “aliados”. Na prática, nem sempre funcionou. Em 2010, a tática degringolou, por exemplo, na Bahia. Lula prometera apoiar Jaques Wagner (PT) e de Geddel Vieira Lima (PMDB), que brigavam pelo governo do Estado.

Geddel queixa-se até hoje de ter sido preterido. Por Lula e também por Dilma, à época candidata ao Planalto. No plano das relações pessoais, a intenção de Dilma de distanciar-se da refrega de São Paulo é compreensível.

Dilma tem apreço por Haddad, um ministro que, nomeado por Lula, compôs o grupo de auxiliares mantidos na Esplanada no novo governo. Mas não é alheia ao deputado federal Chalita.

O candidato de Temer conheceu Dilma quando ela ainda chefiava a Casa Civil de Lula. Convidou-a para participar de um talk show que mantinha na tevê da Canção nova, entidade fundada e gerida por fiéis da Igreja Católica.

No segundo turno da sucessão de 2010, quando seus antonistas grudaram nela o selo de defensora do aborto, Chalita foi um dos personagens a quem Dilma recorreu. Acionado por Gilberto Carvalho, hoje ministro palaciano, o deputado desceu à sacristia.

Ex-seminarista, Chalita intermediou encontros de Dilma com bispos católicos. Acompanhou-a numa missa celebada na Basílica de Aparecida. Tornou-se, por assim dizer, credor político da presidente. Distanciando-se de São Paulo, Dilma como que zera a fatura.
do UOL.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Lulalândia

A área que o prefeito paulistano Gilberto Kassab (PSD) pretende ceder ao Instituto Lula, na região da Nova Luz, já permite a mudança de nome da extinta Cracolândia... para Cachaçolândia.

do site de claudio humberto.