quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Criatividade sem fronteiras

Por Sandra Silva, do Meio e Mensagem



A palestra de abertura do Wave Festival in Rio, 

"Transformers: espalhando nossa criatividade

 pelo mundo", indica que publicidade não depende

 da nacionalidade

Samba, mar, cerveja e caipirinha inspiram compositores, mas não são suficientes para impulsionar a publicidade. Essa é a percepção de Márcio Moreira (McCann Worldgroup) que tem uma sólida e longa carreira no exterior. O publicitário brasileiro contabiliza 28 anos nos Estados Unidos e dois anos na Europa. "Nacionalidade é um acidente. Uma casualidade geográfica. A pessoa nasce e aprende a cultura de uma região. Tem um impacto cultural mas isso não é suficiente. A criatividade é diferente de pessoa para pessoa. A minha definição de criatividade inclui os resultados para fins comerciais. É o que eu chamo de criatividade aplicada. Nestes anos todos em que tenho freqüentado Cannes, vejo que a Espanha pode levar todos os Leões em um ano e um país Escandinávio leva em outro. Não tem nada a ver com a nacionalidade", afirma.

Moreira lembra ainda que ao longo da carreira internacional aprendeu quando os problemas surgiam. "Trabalhei com Ridley Scott, eu queria bater asas e conhecer o mundo. Fui diretor criativo em várias partes do mundo: Copenhague, Lisboa e Frankfurt, sempre resolvendo problemas de criação", afirma o publicitário.


No Brasil, Moreira foi responsável pelo lançamento de veículos Opala, Caravan e Monza da Chevrolet. Também coordenou a campanha "Coca-Cola é isso aí" que ficou seis anos no ar no Brasil. "Meu brasileirismo apareceu quando comprei os direitos da música 'Águas de Março' para uma campanha. Estou em Nova York desde 1980 e vai ser minha casa para o resto da vida". Para Moreira, as pessoas vêm de diferentes lugares. "O que importa é a contribuição".


A diretora editorial do Grupo M&M, Regina Augusto, que atuou como moderadora na palestra, reuniu 25 depoimentos de profissionais brasileiros de criação de diversos agencias de vários países na edição da Revista da Criação, lançada no Wave Festival in Rio. "A latinidade faz diferença?", pergunta aos palestrantes a moderadora. Conservador, Moreira acredita que a latinidade funciona mais no botequim do que na criação da peças".Rodrigo Butori (TBWA/Chiat, de Los Angeles) enumera quatro elementos que fazem diferença na carreira internacional dos publicitários brasileiros, a partir da experiência que tem vivenciado: "não esqueça quem você é". Esse foi o primeiro ponto apresentado por Butori. Para ele, tudo o que o criativo aprende um dia, é digerido e, eventualmente, reutilizado no vocabulário criativo. O segundo é entreter para comunicar. "Entreter é uma qualidade nata dos brasileiros". O network com publicitários brasileiros que estão espalhados pelo mundo é outro elemento apontado por Butori. A última característica é a flexibilidade para executar jobs com rapidez. "A gente tem de abandonar as raízes". 

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