PT cogita revidar com Rodoanel e racionamento de FHC
Nesta segunda (16), o PSDB vai tomar uma decisão que pode desencadear uma guerra televisiva com o PT.
O tucanato cogita levar o apagão à sua propaganda partidária. O petismo esboça, nos subterrâneos, o revide.
Em dezembro, as duas legendas terão dez minutos cada uma no horário nobre da televisão. Sem contar um lote de inserções de 30 segundos.
Inicialmente, os tucanos haviam planejado usar a maior parte do tempo que lhe cabe para propagandear seus dois presidenciáveis: José Serra e Aécio Neves.
Porém, o apagão da última terça (10), que espalhou o breu por 18 Estados, provocou um rebuliço na legenda.
O senador Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB, passou a administrar uma pressão para que o apagão vire tema da publicidade partidária.
O PSDB dividiu-se em dois. Os dois grupos concordam com a tese de que é preciso energizar a propaganda. Porém...
Porém, um pedaço do partido cobra exploração agressiva. E outro naco da legenda advoga a tese de que o tema deve ser abordado com comedimento.
Em telefonemas trocados desde sexta-feira (13), integrantes da cúpula do partido buscavam o meio termo entre as duas posições.
Pretende-se bater o martelo nesta segunda (16). Prevalecendo a maioria, o tucanato terá de refazer algumas peças que já haviam sido filmadas antes do apagão.
Quanto ao PT, havia a decisão de converter a presidenciável Dilma Rousseff em estrela da propaganda partidária.
O presidente do partido, Ricardo Berzoini (SP), hesitara. Receava que a superexposição de Dilma pudesse resultar em punição da Justiça Eleitoral.
Pela lei, a janela eletrônica de dezembro destina-se à publicidade institucional do partido, não à propaganda eleitoral.
A movimentação do PSDB acendeu no PT um debate, por ora incipiente, sobre a conveniência de retemperar o programa.
Para se contrapor aos ataques tucanos, o petismo pode realçar em suas peças os infortúnios elétricos da era FHC, tisnada por dois apagões, em 1999 e 2001.
Um deles, o de 2001, impôs aos consumidores um racionamento de cerca de oito meses. O PT cuidaria de realçar as diferenças.
O apagão de Lula seria vendido como acidente de percurso. Os de FHC seriam caracterizados como “barbeiragem”, falta de planejamento, incúria gerencial.
De resto, o petismo ameaça fazer um carnaval com a queda de três vigas num viaduto do Rodoanel, obra prioritária da gestão de José Serra.
Para o PT, se insistir na declaração de guerra, o PSDB tem mais a perder. O tucanato parece discordar. Avalia que ninguém perde mais do que Dilma Rousseff.
Os tucanos escoram-se no fato de que, antes de virar chefe da Casa Civil, Dilma comandou a pasta de Minas e Energia.
Foi sob Dilma que o sistema de geração e distribuição de energia fora reordenado.
No dizer de um grão-tucano, “o apagão caiu como um raio sobre a fama de boa gerente de que desfrutava Dilma”.
Dentro do próprio governo, avalia-se que foi um erro a tentativa de distanciar do apagão. Num primeiro momento, a ministra sumiu do mapa.
Quase 48 horas depois, deu uma entrevista que foi considerada desastrosa. Fustigada pelos repórteres, soou destemperada.
Endossou a tese de que chuvas, ventos e raios produziram o blecaute. Deu o caso por “encerrado”.
Menos de 24 horas depois, Lula diria que era preciso aguardar pelo término das apurações. Sob pena de incorrer em “achismo”.
São esses desencontros que o PSDB deseja realçar. Dependendo do tom, a coisa será recebida pelo PT como uma declaração de guerra.
Escrito por Josias de Souza
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