quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

ELES IAM MATAR O PRESIDENTE

(Sebastião Nery)

RIO - O general José Lopes Bragança, lotado no CIEX (Centro de Informação do Exercito) em março de 1964, numa entrevista ao jornal “Estado de Minas” em janeiro de 1977, fez estas declarações, reproduzidas pelo “Jornal do Brasil” no dia 9 de janeiro de 1977:

1.- “Se João Goulart não tivesse sido deposto em março de 64, teria sido vítima de um atentado em Belo Horizonte em abril, durante um comício programado para o dia 21”.

2. -“Havia três linhas de ação estabelecidas pelos conspiradores da Revolução: o palanque em que Jango ficaria seria dinamitado por um teco-teco em vôo rasante. Se falhasse, Jango e seus auxiliares seriam metralhados. E se até isso não desse resultado, seriam alvejados à distância com armas de precisão”.

3. – “Caberia ao coronel José Oswaldo Campos do Amaral, campeão de tiro, em colaboração com outros atiradores de elite, a tarefa de assassinar o presidente da República e seus auxiliares diretos”.

O GENERAL

Disse mais o exterminador general Bragança:

4. - “O cônsul dos Estados Unidos em Belo Horizonte, Herbert Okun, figura chave do golpe, sempre que podia entrava em contato com os conspiradores.Um dia, tive a impressão de que trazia dinheiro numa mala”.

5. - “Poucos antes do 31 de março, em um sítio em Jacarepaguá, no Rio, bem próximo a uma propriedade de Jango, a Polícia do Exercito descobriu um arsenal de dez metralhadoras calibre 45, farta munição, granadas, rádio transmissor-receptor e outras parafernálias bélicas. Material norte-americano. As investigações mostraram que se tratava de plano para assassinar o presidente e sua família”.

O “Estado de Minas” publicou, o “Jornal do Brasil” republicou e ninguem desmentiu. Muito menos o enfurecido general Bragança.

VANUCCI

Maus tempos, pessimos tempos aqueles em que grupos de militares tresloucados, minoritários mas infelizmente numerosos, queriam resolver as crises políticas planejando assassinar o presidente da Republica.

Bons tempos, melhores tempos os de hoje, em que os impasses políticos são resolvidos politicamente. A Secretaria Nacional de Direitos Humanos, comandada pelo integro e provado ministro Paulo Vanucci, criou uma Comissão da Verdade, para apurar a verdade sobre violências e crimes cometidos por agentes do poder publico, militares ou civis, ou pelos

que se insurgiram e pegaram em armas contra a ditadura militar.

Os presidentes dos três Clubes das Forças Armadas ficaram ouriçados e acusaram o governo de querer rasgar a Lei da Anistia. Mas nenhum deles falou em derrubar ou matar o presidente da Republica.

ANISTIA

A Lei da Anistia não veio para apagar, sepultar a verdade histórica. Esta é indelével, inapagável, insepultavel. Anistia é para fazer a pacificação nacional e sobre ela construir o renascimento da democracia. Os gregos ensinaram há 2.500 anos que anistia significa “a” (não) e “mne” (lembrar), “não lembrar”, “perdão geral”. O grego “amnestía”, com acento no “i”, deu em latim “amnéstia” com acento no “e”. E em portugues “anistia”.

Perdão é uma coisa. Apagar seria outra, muito diferente. Os gregos usavam a anistia para perdoar os erros e crimes de um lado e de outro. Mas esquecer jamais. Se não, sua poderosa historia não teria chegado até nós.

FAB

Mas Lula anda de azar com os militares. Mal saiu da saia justa por causa da criação da Comissão da Verdade e Reconciliação, que alguns rancorosos imaginam que seja para rasgar a Lei da Anistia e punir barbaridades passadas, surge agora o mal-estar com o ministério da Aeronáutica por causa da compra de caças, submarinos e outras armas.

O governo submeteu o problema à Aeronáutica, que cumpriu o que dela se esperava. Criou uma comissão técnica, estudou meses a fio as tres principais propostas (a sueca, a americana e a francesa) e optou pela sueca, por ter a metade do preço e por ser a que mais transfere tecnologia ao pais.

Acontece que, em Paris, meses atrás, Lula e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciaram que a decisão brasileira não seria nem técnica nem financeira, mas “política”, e por isso o Brasil ia optar pelos franceses.

Então para que pediram o estudo da Aeronautica? Para brincar com a cara deles? Para valorizar ainda mais o jogo de cartas marcadas?

JOBIM

E há um dado perturbador. Na Constituinte, a Comissão de Redação condensava o que foi discutido e aprovado nas Comissões. Só podia ser aprovado na Comissão de Redação o que fora aprovado no plenario.

Depois da Constituinte, um dos membros da Comissão de Redação jactou-se, gabou-se, orgulhou-se de, na Comissão de Redação, haver “enxertado” no texto da Constituinte alguns topicos que não tinham sido aprovados nas Comissões Especificas, sobretudo um para garantir aos banqueiros o pagamento prioritario de seus juros, haja ou não dinheiro.

Foi uma fraude brutal, descoberta pelo embaixador Benayon, conselheiro do Senado por concurso, que pesquisou todas as atas de todas as Comissões.O deputado era Nelson Jobim,que confirmou tudo, orgulhoso

Como é que se entrega a um homem capaz de uma trampa dessa uma decisão nacional e internacional de 40 bilhões de dólares?

www.sebastiaonery.com.br

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