1.7.2009
| 8h03m
COMENTÁRIO
Mais da metade do Senado quer que Sarney se licencie
Com que cara José Sarney (PMDB-AP) presidirá o Senado de hoje por diante depois que o PSDB (13 senadores), o DEM (14), o PDT (5) e o PSOL (1) lhe pediram publicamente para se afastar do cargo?
Dos 19 senadores do PMDB, três pediram a mesma coisa (Pedro Simon, Jarbas Vasconcelos e Garibaldi Alves, ex-presidente do Senado).
Dos 12 senadores do PT, um (Eduardo Suplicy) foi à casa de Sarney aconselhá-lo a deixar o cargo. Tião Viana só não foi porque perdeu a eleição para Sarney em fevereiro último. Pegaria mal para ele.
E mais cinco senadores do PT são favoráveis a que Sarney peça para sair, segundo eles mesmos disseram em reunião de bancada realizada ontem à noite.
Aos números: excluído Sarney, são 43 senadores de um total de 80 que querem ver o atual presidente do Senado pelas costas - temporariamente ou em definitivo. É mais da metade do Senado.
O dilema de Sarney é o seguinte: sabe que serão remotas as chances de cumprir o mandato de dois anos como presidente do Senado se concordar em se afastar do cargo. É o que a História ensina.
Foi assim no passado recente com os presidentes do Senado que pediram licença em meio a fortes turbulências - Jader Barbalho, Antonio Carlos Magalhães e Renan Calheiros.
Jader e Antonio Carlos foram depois obrigados a renunciar ao mandato de senador para escapar de serem cassados.
De resto, a essa altura da vida (quase 80 anos de idade e 50 de política), tendo sido presidente da República, largar o cargo sob pressão e nas atuais circunstâncias seria um vexame para Sarney.
Por outro lado, insistir em ficar grudado na cadeira de presidente poderá representar para Sarney vexame de igual tamanho ou até maior.
do blog no Noblat.
E se surgirem novos e embaraçosos fatos que possam enfraquecê-lo ainda mais?
Sarney prefere se arriscar a só desocupar a cadeira sob severo e insuportável constrangimento? Quem pode garantir que isso não ocorrerá?
Lula mandou, ontem, um recado para Sarney via Dilma Rousseff: não tome nenhuma decisão até seu retorno da viagem a Líbia, esta noite.
Sarney vale para Lula pelo apoio que sempre lhe deu, mas vale muito mais porque sua saída da presidência do Senado acabaria provocando um terremoto político.
O PMDB não ficaria nem um pouco feliz com a queda do seu mais reluzente nome. E o PMDB infeliz é a maior desgraça que pode se abater sobre um presidente da República.
Trata-se de o maior partido do Senado e da Câmara. É por isso mesmo o aliado mais cobiçado por Lula para oferecer o candidato a vice na chapa de Dilma.
Em meia dúzia de encontros entre o final do ano passado e o início deste, Sarney fez de Lula gato e sapato enganando-o com a garantia de que não pensava, não queria e não seria candidato a presidente do Senado. Então Lula concordou com a candidatura a presidente de Tião Viana (PT-AC).
Mesmo tendo sido enganado, Lula é pragmático o suficiente para concluir que ele precisa mais de Sarney do que Sarney dele.
do blog do Noblat
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