sábado, 17 de abril de 2010

Maquininhas, cafés e sorrisos

(Afonso Dantas)


Fui abastecer o carro em um grande posto em Itabuna e solicitei a maquininha do cartão de crédito, que é portátil, para o atendente. O posto não tinha, e tive que sair do carro para passar o cartão lá no caixa, bem longe da bomba de combustível. Por estar com pressa, fiquei um pouco chateado e disse para a caixa que não voltaria lá e escolheria outro posto para abastecer por causa da maquininha, que a maquininha era importante, pois dava conforto ao cliente. Ela me disse que o posto não usa e não usará a maquininha e me perguntou se outras coisas não eram mais importantes, como o bom atendimento, preço etc. Eu respondi que eram e são, mas que o meu tempo é mais importante que tudo isso. Paguei e fui embora, não voltando mais ao posto.
Em outro dia, como de costume, fui tomar um café em uma cafeteria e constatei que o preço tinha sido alterado em 25%, mas que o atendimento continuava sendo o mesmo, ou seja, péssimo. Que fiz? Simplesmente parei de tomar o café na cafeteria, costume que fazia uma ou duas vezes por dia.
Para lembrar de outro caso, cansei das vezes em que fui ao Bom Preço de Itabuna – esse eu faço questão de citar o nome – e, com o carrinho cheio, larguei-o por não agüentar ficar mais de uma hora na fila. Será que estou ficando chato?
Não caro leitor, eu não estou ficando chato - embora possa até que uma ou outra pessoa me ache, e não tenho a pretensão de agradar a todos - mas eu estou apenas ficando muito mais exigente.
Eu não tenho que tolerar uma falta de investimento em tecnologia por parte do posto, abdicando de meu conforto, principalmente se outro o faz. Simplesmente vou ao outro. Nem tenho que aceitar aumentos abusivos do café sem que isso interfira no atendimento, que, lembro, é péssimo. A concorrência serve para isso, pois em grandes centros, além do preço ser mais em conta, às vezes um custo mais elevado compensa pelo que lhe servem, como um doce e um copo de água mineral com gás, além de sorrisos e simpatia acompanhando o café, ao contrário do atendimento recebido em minha ex-cafeteria, que por sinal, não sei se já falei, é péssimo.
Nós, brasileiros, nos acostumamos sempre com o pouco, com o “ajustado”, com o necessário e esquecemos que nós temos uma grande força, um grande poder, que é o nosso poder de escolher o que consumir, o que comprar, onde ir.
Eu tenho o direito de exigir que um posto de gasolina me dê o conforto de pagar com meu cartão, sem sair do carro, tenho o direito de pagar um preço justo em um café e de ser bem atendido. Tenho o direito de escolher um supermercado onde eu seja respeitado e bem atendido. E isso, nós devemos aplicar em todas as áreas, pois temos o direito a um excelente atendimento onde quer que eu tenha pago por um serviço, e menos, não é aceitável.
Lembrem-se disso na próxima vez que forem a um supermercado, a um posto de gasolina ou a uma cafeteria. Não aceitem o menos e boicotem o que explora, o que humilha, o que destrata. A excelência de uma atendimento só é conseguida quando o atendido, o cliente, exige o melhor. Exija!

Afonso Dantas é Administrador de Empresas com Especialização em Marketing e Sócio e Diretor de criação da Camará Comunicação Total. e-mail: ahdantas@uol.com.br

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