terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Ao aluno o que é do aluno

Na primeira semana de mais um novo ano, a maioria dos pais já se esqueceu dos problemas escolares dos filhos, que lhes renderam tantas preocupações. Vamos considerar: para a classe média, ter filhos na escola privada equivale a trabalho redobrado, muito estresse, gastos de boa parcela do orçamento etc.

Os pais têm se envolvido em demasia com a vida escolar dos filhos. Em parte, devido a pesquisas que mostram que alunos cujas famílias se envolvem com seus estudos aprendem mais. Vamos nos deter neste ponto porque nada é mais antidemocrático do que tal afirmação.

Crianças devem ter as mesmas oportunidades para aprender, independentemente dos costumes familiares. Há pais que têm conhecimento, tempo, paciência etc. para acompanhar os estudos dos filhos. E os que não têm? Para que algumas crianças não fiquem em situação inferior nos estudos, as escolas deveriam ensinar de modo que elas não dependessem de ajuda familiar.

Por falar nisso, o número de pais que levaram o filho a especialistas ou procuraram aulas particulares devido a dificuldades escolares foi enorme. Muitas vezes a própria escola orienta o encaminhamento. Por conta disso, inúmeras crianças foram diagnosticadas como portadoras de dislexia (perturbação da capacidade de ler), discalculia (dificuldade com a matemática), disfasia (má coordenação das palavras) e outras disfunções estranhas. Como se resolvesse algo!

A escola tem colaborado muito para aumentar as preocupações dos pais. Trabalho em grupo, por exemplo, que deve ser feito fora do período de aulas. É um tal de levar e buscar o filho que não tem tamanho, o que exige tempo e trabalho dos pais. Precisa?

A escola também passa aos pais a responsabilidade de resolver a questão das notas baixas, em comportamento e em conteúdo. Ora, esse papel não é da escola junto ao aluno, qualquer que seja sua idade?

O fato é que a vida escolar, com as dificuldades que apresenta, com os desafios que comporta, com as angústias que produz, deveria ser uma responsabilidade assumida pelo próprio aluno. "A escola deveria ser, para a criança, a primeira batalha que ela tem de enfrentar sozinha, sem os pais; deveria estar claro que esse é seu campo de batalha próprio, onde só poderíamos dar-lhe uma ajuda ocasional e irrisória", diz Natalia Ginsburg.

É preciso lembrar que, quanto mais os pais se envolvem com os problemas escolares do filho, menos este os assume como seus, mais os pais se estressam e menos têm paciência no relacionamento com o filho. Por isso, vamos tentar deixar a escola a cargo dos estudantes.
Eles podem resolver sozinhos e a seu modo os problemas, eles merecem a oportunidade de saborear as conquistas e enfrentar os fracassos que experimentarão. Vamos confiar neles e dedicar nosso tempo, paciência, disponibilidade e tudo o mais para construir e manter o eixo afetivo familiar.

Que este seja um bom ano para nossas crianças! E para todos nós.




Categoria: Folha Equilíbrio
Escrito por Rosely Sayão às 12h33

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