quinta-feira, 16 de abril de 2009

do site de sebastião nery

OS SAPOS DE  LULA                              

         RIO  -  O ministério do Interior tinha um contínuo que era fã do general Afonso Albuquerque Lima, ministro no governo Costa e Silva. Quando espalharam a notícia de que ele ia ser substituído pelo coronel Costa Cavalcanti, o homem não teve dúvida. Pegou sete sapos, meteu papeizinhos na boca deles com o nome do coronel e soltou no jardim do ministério. Os sapinhos morreram secos. O general saiu, o coronel entrou.

         Logo o contínuo percebeu que o coronel-ministro era também um bom sujeito e não merecia a mandinga. Quase chora de arrependimento. Mas não disse nada a ninguém. Meses depois, vem a posse do general Médici e o rumor corre nos corredores do Ministério:

         - Agora o coronel vai sair.

         O contínuo ficou em pânico. Perdera o amigo general, ia perder o amigo coronel. Chamou um jornalista, perguntou quais eram os possíveis candidatos. No dia seguinte, meia dúzia de sapos se retorciam nos jardins do ministério do Interior, a boca amarrada, cada um com o nome de um possível ministro. Costa Cavalcanti ficou com Médici até o fim.

                                        BOLSA-BANQUEIRO

         O Bolsa Família do golpe de 64 foi o Plano Nacional de Habitação, entregue ao comando do Banco Nacional de Habitação, mas na verdade manobrado pelo  ministério do Planejamento no governo Castelo Branco e por Delfim nos governos Costa e Silva, Médici e Figueiredo.

         Roberto Campos convenceu Castelo Branco de que havia descoberto a pólvora. Dava casa ao povo e o povo apoiava a ditadura. O BNH nasceu para ser o Bolsa Família da “Revolução” e acabou virando o Bolsa Família dos banqueiros. Um dos maiores golpes já dados na historia do pais.

         Esqueceram de perguntar ao Patrus Ananias como é que se dá cartão de credito a 11 milhões de famílias. E deram os cartões aos banqueiros.

                                         BNH       

         Era alto o nível pessoal e profissional dos seus presidentes: Sandra Cavalcanti (1964 a65), Nascimento Silva (1965 a 66), Mario Trindade (1966 a 71), Rubens Vaz da Costa (1971 a74), Mauricio Schulmann (1974 a 79), José Lopes de Oliveira (1979 a 83), Nelson da Mata (1983 a 85).

          Mas o BNH nasceu em 21 de agosto de 1964 com um brutal erro de origem : entregaram a execução do programa aos bancos, financeiras e especuladores, cada um com uma boca maior do que os sapos do continuo do ministério do Interior. Ninguem conseguiu amarrar a boca deles:

         - “O setor privado ficou encarregado, em ultima analise, da produção, distribuição e controle das habitações. Desde a sua constituição, a orientação que inspirou todas as operações do BNH foi a de transmitir todas as suas funções para a iniciativa privada. O banco limitava-se a arrecadar recursos financeiros para em seguida transferi-los a uma variedade de agentes privados intermediarios” (Fundação Getulio Vargas).

                                              PAC-HABITAÇÃO

         A falencia financeira dos Estados Unidos mostrou que, assim como a guerra aos generais, o dinheiro é uma coisa seria demais para ser entregue aos banqueiros. O PAC Habitacional de Lula e Dilma está muito bem bolado, articulado, apresentado e embrulhado, mas corre o risco dos sapos.

          Lembrai-vos dos Estados Unidos. Quem provocou o terremoto de lá não foram os compradores de casa própria, mas os banqueiros que transformaram os títulos da casa própria em alavancas de golpe. O Banco do Brasil, a Caixa Economica, são instituições seculares consagradas, provadas, que o pais conhece, respeita e em que confia.

         Mas ainda agora vimos como era a cabeça do ultimo presidente do Banco do Brasil. Um rapaz serio, honrado, mas estava ali pensando apenas em seu currículo, fazendo cursinho para sair de lá e virar banqueiro privado, como a maioria dos que o antecederam. Na Caixa, a mesma coisa. Economistas competentes, dignos. Mas foi lá que o amoroso vespertino Palocci  buscou um parceiro para violar a conta do caseiro Francenildo.

         Mantega que abra o olho. E deixe o Meirelles o mais distante disso.

                                      LULA LÊ

         Lula diz que não lê jornais. Pode não ler os outros. Mas minha coluna ele lê. Lê e cita. Ante-ontem, terça feira, 14, escrevi aqui:

         - “A força da personalidade e do destino de Juscelino era tão grande que, se ele não tivesse construído Brasília naqueles exatos cinco anos da grande arrancada do desenvolvimento nacional, talvez Brasília jamais tivesse sido construída. Imaginem o Lula tentando construir Brasília hoje. Nem o Catetinho ele conseguiria fazer. O IBAMA não daria a licença ambiental” (Catetinho é a casinha de madeira que Oscar Niemeyer e Israel Pinheiro fizeram no alto de Brasília,com uma pequena pista de pouso atrás, para JK descer, dormir e fiscalizar as obras, no começo da construção).

         Ontem, quarta-feira, dia 15, “O Globo” publicou esta declaração de Lula, feita na véspera, terça, 14, à tarde, em Telêmaco Borba, no Paraná :

         - “Todo mundo fala que o Juscelino foi extraordinario. Se governasse o Brasil hoje e fosse construir Brasília, não teria conseguido nem a licença ambiental para fazer a pista para ele descer com o aviãozinho dele”.

          Lula não precisa me pagar direitos autorais. A frase me foi dita pelo jornalista mineiro Silvestre Gorgulho, secretario de Cultura de Brasília.

                                      “SE-RO” GOMES

         O PSB  lançou Ciro Gomes para presidente. Mas ele não é Ciro. É “Se-ro”. “Se” Tasso deixar. “Se” Lula permitir. “Se” Dilma concordar.

                            www.sebastiaonery.com.br

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