A FOME DA NOSSA GENTE
RIO – Em janeiro de 1951, chegou do Rio Grande do Sul o deputado federal do PTB e presidente nacional do partido João Goulart, eleito em outubro de 1950, na mesma eleição
Instalou o partido no Edifício São Borja, na Cinelândia, em frente ao Monroe, antigo Senado Federal. Roberto Silveira, do Estado do Rio, secretário-geral. Doutel de Andrade, de Santa Catarina, primeiro secretário.
No fundo da sede, montaram um posto gratuito de assistência médica, entregue a um médico requisitado do SAMDU (Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência). Um SAMU a domicílio.
O povo ia lá buscar saúde, deixava voto.
JANGO
Uma tarde reúne-se a executiva nacional do PTB para resolver uma crise de Minas. O deputado José Raimundo, presidente do PTB mineiro, estava brigando com o suplente Machado Sobrinho por causa da política municipal de Itabirito. E eram ambos dirigentes do partido.
José Raimundo fez longa exposição, sentou-se. Machado Sobrinho começou a sua. De repente, emocionado, irritado, empalidece, dá um gemido, cai. Era um enfarte fulminante.
Chamaram às pressas o médico do posto, que funcionava atrás. O homem veio lá do fundo de bata branca, estetoscópio pendurado no pescoço, todo desconfiado, ajoelhou-se, pôs a mão no peito de Machado Sobrinho, conferiu o pulso, levantou a cabeça, os olhos arregalados:
- Chama um médico que este puto vai morrer.
Jango ficou desesperado:
- Mas o senhor não é o médico?
- Sou, sim, mas não entendo de enfarte. Chama correndo um médico porque esse puto vai morrer.
O MEDICO
Machado Sobrinho morreu mesmo. Doutel ficou indignado, exigiu de Jango a demissão imediata do médico:
- Este homem não pode exercer a medicina.
Jango espichou a perna direita:
- Doutel, em que posto do SAMDU ele era lotado?
- Em Irajá.
- Que coisa! Matando a nossa gente. Transfere-o para Copacabana. Se ele tem que matar, então que vá matar o eleitorado do Lacerda. O nosso eleitorado, a nossa gente, não.
O médico viveu mais vinte anos. Enterrando eleitores da UDN.
SÃO JOAO
Ainda bem que o PT não mata sua gente nos postos de saúde. Os mensalões, mensalinhos e mensalotes dele são mais animados. Prefere festa. Adora uma festa. Sobretudo se é festa de São João no Nordeste.
E o Nordeste merece e precisa. Depois do carnaval, o São João é a maior festa popular da Bahia para cima até o Maranhão. Mais do que o Natal e o Réveillon. E os governos tem mesmo obrigação de ajudar. É a lição da velha Roma. Se não há pão para todos, dá circo.
Mas a gula política do PT é tão devastadora que até os assados do São João ele quer comer sozinho. Pos a Bahia em pé de guerra por causa da fogueira que só vai chegar daqui a dois meses.
PETROBRAS
As notícias que chegam da Bahia mostram bem o jeito petista de ser. Fundaram uma ONG (Organização Nunca Gratuita), uma tal de Aanor (Associação de Apoio e Assessoria a Organizações Sociais do Nordeste), e entregaram à vice-presidente do PT baiano e funcionária do gabinete do líder do partido, na Assembléia Aldenira da Conceição Sena, só para pegar dinheiro da Petrobras para o São João das prefeituras.
São mais de 400 as prefeituras baianas. Com Governador e tudo, o PT não elegeu nem 50 no ano passado. Mas acha que a ajuda da Petrobras para as festas de São João no Estado deve ficar toda com ele. Alega que Amargosa, Cruz das Almas e Senhor do Bonfim são prefeituras do PT.
De fato são três São João animadíssimos. Mas também tradicionais são os de Santo Antonio de Jesus, Euclides da Cunha, a minha Jaguaquara e tantas outras. Em
GEDEL
A briga começou porque o PT quis puxar toda a brasa para o seu milho e o ministro Gedel Vieira Lima, cujo PMDB elegeu 118 prefeitos, mais do dobro do PT, chiou e exigiu o seu pedaço. O presidente da Petrobras, Sergio Gabrieli, que felizmente entende muito e mais de petróleo do que de fogueira, reagiu assim:
-“Isso é fruto da ação política do Gedel Vieira Lima”.
E é mais uma briga para assar a candidatura da Dilma.
Gedel é candidato a Senador pelo PMDB. Sérgio Gabrieli também é, pelo PT. Como são duas vagas, podiam muito bem comer esse mingau juntos. Mas o poder é sempre insaciavel. Quer a panela toda. Mais um fogareu da “sua gente” para Lula apagar.
MARANHAO
Roseana comemorou:- “Maranhão, a volta ao trabalho”.
O povo se vingou:- “Maranhão, a volta ao baralho”.
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